Bem, quem é curioso e leu o meu perfil sabe que me dediquei à cerâmica como actividade profissional. Na verdade tentei mas não fui bem sucedida financeiramente por dificuldade de escoamento da pequena produção artesanal e praticamente de peças únicas, sendo que a maioria delas serviu para participar em exposições colectivas e individuais onde pouco ou nada se vendia.
Foi uma experiência de que guardo boas recordações, já lá vão mais de 20 anos que não ponho as mãos no barro mas ficou sempre o "bichinho", a paixão pela cerâmica.
À falta de barro e porque há anos que "luto" com dois utensílios de trabalho que teimam em ficar perdidos na mesa e levo tempos infinitos até os encontrar, decidi fabricar, mesmo sem barro, um suporte para ambos os utensílios. A matéria prima utilizada foi... pão! Sim, foi pão.
Nos almoços longos com amigos tenho o péssimo hábito de pegar em pão, esmagá-lo entre os dedos até o reduzir a uma massa compacta mas moldável e, meio à socapa para ninguém ver, costumo fazer pequeníssimas taças ou outro tipo de vasilhas com formas variadas. Uma vez um amigo decidiu pôr a secar uma dessas "preciosidades", isto à perto de 10 anos, mas a verdade é que ainda anda lá por casa do amigo. E pronto, não havia barro mas havia pão! E a vontade de fazer era tanta que fiz o tal suporte e não me fiquei por aí... Tenho mesmo de procurar barro em Leiria porque afinal o "bichinho" continua bem vivo!
A peça quando o pão ainda estava húmido
A peça já bem seca e decorada. E com os tais utensílios "marotos" que teimam em ficar perdidos
Um cinzeiro feito pelo mesmo processo mas não secou muito bem e rachou por a base ser mais espessa que os bordos
Novo cinzeiro, visto por cima, ainda na fase inicial e no qual tive mais cuidado com as espessuras para que não abra fendas
O mesmo cinzeiro visto de lado